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PREÂMBULO


                  O ano de 2020 marca o 40º aniversário da Declaração de Lusaka intitulada África
                  Austral: Rumo à Libertação Económica, e da Cimeira inaugural de nove países que
                  criaram a Conferência de Coordenação de Desenvolvimento da África Austral
                  (SADCC)  a  1  de  Abril  de  1980,  a  predecessora  da  Comunidade  de
                  Desenvolvimento  da  África  Austral  (SADC).  Os  líderes  ou  representantes  de
                  Angola, Botswana, Reino de Eswatini, Reino do Lesoto, Malawi, Moçambique,
                  República Unida da Tanzânia, Zâmbia e Zimbabwe reuniram-se no Centro de
                  Conferências Mulungushi, em Lusaka, Zâmbia, para traçar uma visão para a África
                  Austral, uma visão que tem guiado o desenvolvimento e o progresso da região nos
                  últimos 40 anos, e se espera que molde o destino das gerações actuais e futuras.
                             Impulsionada pelo forte desejo dos fundadores da SADC de ver a África
                  Austral alcançar a emancipação política e o desenvolvimento económico, a região
                  fez progressos significativos no avanço da cooperação e integração regional. Uma
                  das primeiras conquistas notáveis foi a solidariedade demonstrada pela região ao
                  defender a campanha global contra o então regime de apartheid na África do Sul.  Sua Excelência Filipe Jacinto Nyusi
                  O ponto culminante dessa pressão levou ao colapso do sistema de apartheid e à  Presidente da República de Moçambique
                  independência da Namíbia em 1990 e da África do Sul em 1994. Então nos  Presidente da SADC
                  tornamos inteiros como uma região, com o retorno da nossa independência e dos
                  direitos humanos.
                             Como  região,  temos  o  orgulho  de  dizer  que  fizemos  um  progresso  significativo  no
                  fortalecimento dos nossos esforços para integrar as nossas economias e promover a paz e a segurança,
                  e decidimos homenagear os nossos fundadores e agradecê-los pela sua visão, dedicação, coragem e
                  valores, que herdamos. Como a actual geração de líderes, queremos consolidar a sua visão, valores e
                  realizações, e garantir que deixemos uma região unida e próspera para as próximas gerações, para
                  que a Juventude de hoje possa fortalecer a integração da região e do continente, e expandir as  iii
                  conquistas daqui para a frente, usando as suas próprias inovações e tecnologias.
                             Vamos legar-lhes um ambiente tranquilo para viver. Uma grande conquista alcançada nos
                  últimos 40 anos foi a capacidade da SADC de permanecer pacífica, graças aos esforços das mulheres
                  e homens que protegem as nossas fronteiras contra a agressão interna e externa e contra as actividades
                  criminosas, bem como a forte liderança política fornecida pelo Órgão de Cooperação nas áreas de
                  Política, Defesa e Segurança. Munida com o nosso conhecimento íntimo dos desenvolvimentos
                  históricos em toda a região, a SADC tomou a liderança sempre que surgiram desafios políticos nos
                  Estados Membros.
                             Estas intervenções oportunas ajudaram a conter as tensões em situações que, de outra forma,
                  poderiam ter piorado. Os resultados da nossa cooperação regional são muito visíveis, especialmente
                  no  domínio  da  paz  e  segurança,  que  fornece  a  base  para  as  actividades  económicas,  e  no
                  desenvolvimento de infra-estruturas, transporte e comunicações, democracia e direitos humanos. Ao
                  longo da década de 1980, estivemos em guerra com o apartheid da África do Sul, que usou o poderio
                  militar e a pressão económica para impedir e destruir o progresso dos países vizinhos. Não podíamos
                  comunicar directamente uns com os outros porque as linhas telefónicas passavam pela Europa, não
                  podíamos viajar livremente pela região ou conduzir o comércio porque as nossas infra-estruturas e a
                  indústria tinham sido destruídas ou danificadas. O custo económico e a perda de vidas humanas foram
                  de uma magnitude inimaginável. Estar onde estamos hoje é um desenvolvimento milagroso.
                             Além  da  nossa  contribuição  para  a  libertação  política,  a  transição  da  SADCC  para  a
                  Comunidade de Desenvolvimento da África Austral (SADC) em 1992 ocorrida numa Cimeira
                  realizada na Namíbia independente, marcou uma conquista significativa quando assinamos o Tratado
                  e a Declaração da SADC para avançarmos além da coordenação de actividades para nos tornar uma
                  comunidade económica regional.
                             A antecipação da industrialização na agenda de integração económica, através da Estratégia
                  e Roteiro para a Industrialização da SADC 2015-2063, que foi adoptada em 2015 em Harare,
                  Zimbabwe, é mais um exemplo da determinação da região em integrar as suas economias e reivindicar
                  o seu lugar de direito dentro a economia global. Embora dotada de algumas das mais ricas reservas
                  de minerais do mundo e de outros recursos naturais, ironicamente até recentemente a região era
                  importadora de produtos processados porque a maior parte dos nossos recursos era exportada em
                  forma bruta. Foi, portanto, uma ocasião importante quando tomamos a decisão em 2015 de garantir
                  que extraíssemos o máximo de benefícios dos nossos recursos naturais, garantindo que haja o
                  aproveitamento do valor acrescentado antes de serem exportados. Isso garantiria que a região recebesse
                  uma parcela maior dos benefícios socioeconómicos que advêm dos recursos.
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