GESTÃO DAS ZONAS HÚMIDAS
As zonas húmidas em todo o mundo são danificadas pela
da exploração desregrada dos seus recursos e erosão dos
seus valores. A sua reabilitação, quando efectuada, é
muito onerosa. Na Bacia do Zambeze, as zonas húmidas
são ameaçadas pela poluição causada pelas indústrias,
descargas dos efluentes dos esgotos, poluição causada
pelo uso intensivo de pesticidas na agricultura,
mineração, desenvolvimento de reservatórios para a
produção de energia hidroeléctrica, absorção de água em
grande escala para o uso na bacia e fora dela, drenagem
para agricultura, invasão de plantas alheias, e excessiva
utilização para além dos limites de regeneração natural.
Esforços para a gestão integrada das zonas húmidas
na Bacia tem sido apoiados por algumas agências
como a SADC, através do ZACPLAN (um projecto que
procura desenvolver uma gestão integrada dos
recursos de toda a bacia do rio), a IUCN, através da
Segunda Fase do Projecto de Conservação da
Utilização Sustentável das Zonas Húmidas, o WWF,
através de iniciativas de promoção de parcerias para o
uso sustentável dos recursos das zonas húmidas nos
Baixos de Kafue, e da Fundação Internacional do
Grou, através das suas pesquisas sobre as espécies de
aves migratórias e dos efeitos do desenvolvimento de
infra-estruturas sobre as zonas húmidas.
Muitos países de Bacia já ratificaram a Convenção de
Ramsar e, como parte das suas obrigações a luz desta
convenção, já designaram zonas húmidas específicas
como zonas húmidas de importância internacional. A
designação obriga os países a desenvolverem um plano
de gestão das zonas húmidas para a área designada.
Botswana, Malawi, Namíbia, Tanzânia e Zâmbia já
ratificaram a convenção, mas apenas a Zâmbia tem
designadas zonas húmidas específicas como locais
Ramsar (Lochnivar e Blue lagoon sobre os Baixos de
Kafue, pântanos Lukanga e Liuwa, planície de
alagamento de Luangwa, e o pântano Busanga).
Moçambique está a preparar a adesão a Convenção e
tenciona designar o complexo de Marromeu, no delta
do Zambeze, como um local Ramsar. Vários países já
criaram políticas e instituições para promover o uso
correcto dos recursos.
Há evidencias de que a regulação da água a montante do delta do Zambeze está a afectar
negativamente o potencial económico e a função ecológica da zona húmida do estuário.
Estudos feitos pela Fundação Internacional do Grou demonstram que devido a regulação de
aproximadamente 90 por cento do caudal de água do Zambeze através das instalações
hidroeléctricas de Kariba (construída em 1959) e Cahora Bassa (construída em 1975), o
regime do caudal (inundação na época húmida, recessão da inundação e baixo caudal na
época seca) no delta tem sido alterado significativamente. Isto causa a redução das pescas,
perdas directas na produção do camarão, desaparecimento do caudal em alguns canais,
intrusão de água salgada, vegetação de alguns canais, aumento da caça furtiva devido a
acessibilidade das áreas anteriormente em constante inundação, queimadas intensivas e
invasão das áreas propensas a cheias pelas comunidades expondo as margens dos rios aos
efeitos destrutivos das cheias. Uma estratégia de gestão das reservas tem sido desenvolvida
para restaurar a integridade ecológica do delta do Zambeze.
Fonte: SADC Wetlands Conservation Project Phase II, Stakeholder workshop for development of a wetland
management plan: Marromeu Complex Estuarine Wetland, Beira, 13-14 February 2003
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